quarta-feira, 30 de março de 2011

Comentário ao estudo "The Best of Eyetrack III: What We Saw When We Looked Through Their Eyes"

Eyetrack III foi um estudo realizado estudo realizado pelo The Poynter Institute em parceria com a Eyetools Inc. e o Estlow Center for Journalism and New Media, baseado na observação dos movimentos oculares de 46 pessoas (homens e mulheres entre 19 e 60 anos) enquanto observavam 10 diferentes publicações online, entre elas o The New York Times, o The Wall Street Journal e o MSNBC.
Este estudo é bastante interessante, principalmente para quem faz edição de páginas web. Nos dias que correm, sem dúvida que a internet tem muito mais leitores do que a imprensa tradicional e é bastante importante começar a investigar o comportamento das pessoas quando acedem a estas páginas.
Chegou-se à conclusão que a maioria das pessoas não presta atenção faz uma rápida leitura da página, tentando encontrar algum elemento que mais lhe interesse. Por incrível que pareça os textos atraem mais o olhar do que gráficos e imagens.
O primeiro ponto que o leitor observa é o canto superior esquerdo da página. Logo realiza uma amostra da página em zigue-zague, na parte central e para baixo. Os textos mais pequenos são mais lidos, do que os textos grandes. Os banners são quase sempre ignorados, assim como as fontes mais sofisticadas.
Devem ser mostrados números escritos como números: “6” em vez de “seis”, os parágrafos curtos têm melhor desempenho que os longos. Relativamente aos textos em duas ou três colunas tendem a ser ignorados pelos leitores.
Quanto à publicidade, deve estar perto do conteúdo editorial mais importante. Os leitores prestam mais atenção aos anúncios de texto que aos que incluem imagens ou multimídia. Regra geral, as publicidades mais lidas são as de cima e as da esquerda. O tamanho também importa, as imagem maiores chamam mais atenção.
O estudo revelou ainda que os títulos de notícias com poucas letras e de tamanho pequeno são os mais lidos. Geralmete, o visitante só lê as duas primeiras palavras dos títulos, o resto passa praticamente desapercebido.
Até agora a grande preocupação, de quem faz edição de páginas web, é criar uma página bonita e que contenham todas as funcionalidades necessárias, mas os estudos Eyetrack mostram que os editores precisamos de ser mais inteligentes e criativos para alcançar melhores resultados.
A nós, alunos universitários, sempre nos foi ensinado que para ter um bom artigo temos de ter uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão, mas a experiência que vamos tendo é que para quando escrevemos conteúdos para publicar online é necessário dar a informação de forma muito mais rápida, simples e de fácil compreensão. Através deste formato a leitura é mais lenta que a leitura impressa, a maior dos leitores lê na diagonal e por isso tona-se bastante importante optimizar a nossa escrita.
Finalmente, o ponto 12 é referente à contínua mutação da escrita online. O autor admite que é uma nova indústria e que as regras estão a ser delineadas à velocidade com que é produzido trabalho online e explorado este mundo Web. Este é um mundo imenso, onde há muito para ser feito e explorado mas as regras mantém-se: regras de escrita, regras do jornalismo, código deontológico e ética para respeitar. A tudo isto podemos adicionar outros ingredientes: qualidade, competência e criatividade. O autor incentiva que se tente algo diferente, correr riscos.
Esta democratização da Web e da possibilidade de qualquer um recolher e produzir informação é louvável mas sempre com o seu risco: será de confiança ou não? – É aconselhável que se pesquise em diversos sites, confirmar fontes e não tomar por certa qualquer informação. O wikipedia é um bom exemplo de como é possível obter o dia e a noite: informação óptima e correcta e o oposto, informação errada ou pouco rigorosa.
O mundo Web está a avançar e a ser cada vez mais preponderante na vida das pessoas. Vejamos o Facebook, em 6/7 anos de existência tem mais de 500 milhões de utilizadores, se fosse um país seria o terceiro mais povoado. O twitter é outro fenómeno e até mais direccionado para a temática deste artigo de Jonathan Dube. Consideramos o Twitter mais jornalistíco, no sentido em que a escrita é curta, como um SMS. Por exemplo, o sismo no Japão teve os primeiros ecos no Twitter. Imaginemos que agora escrevíamos no Twitter: “Mosteiro dos Jerónimos a arder!!!” – Temos a certeza que muitas pessoas iam acreditar, temos a certeza que outras iam rapidamente pesquisar na internet se era verdade, temos a certeza que outras pessoas pegariam no telefone para confirmar, enfim, o mundo Web é uma mar de possibilidades e há algo que nunca pode ser omitido: que há sempre o certo e o errado, o rigoroso e o não rigoroso.
No ponto 11, Jonathan Dube acaba ou pretende acabar com um “mito”: de que se colocarmos links no nosso artigo, os leitores vão navegar para outras páginas e não voltam à nossa página. O autor rejeita esta ideia de uma forma veemente. Acaba por se tornar num ciclo vicioso: o leitor vê uma página, essa direcciona-o para outras para melhor entender sobre a temática que procura, a que conclusão chegará a leitor? Pode confiar na página que o levou ao esclarecimento, e voltará.
É necessário um trabalho extra para entender até que ponto os links que estamos a colocar são credíveis, porque caso não sejam foi a nossa página que os deu a conhecer e há, uma vez mais, uma quebra de confiança.
Enquanto consumidores e, no âmbito da cadeira “Comunicação Digital”, produtores de notícias online, entendemos e apreciamos esta visão do autor porque o objectivo é esclarecer melhor o leitor, mas faríamos apenas um reparo: aquando do clique, a nossa página estar pré definida para outros links abrirem numa janela separada, deste modo a nossa página mantinha-se aberta.
O décimo ponto aborda a temática do interesse: o que faz o leitor clicar na notícia? Obviamente o título, portanto o texto tem de estar obrigatoriamente relacionado com o mesmo. Se houver uma quebra de confiança, ou seja, se um título que se propõe a falar de “A” e o texto é sobre “B”, estamos a arriscar a lealdade do leitor perante o nosso trabalho. Jonathan Dube diz que os leitores online preferem títulos sérios e duros em detrimento de títulos engraçados ou com trocadilhos. O autor só clica no que quer ver, portanto quer um acesso fácil, verdadeiro e rápido ao assunto que pretende.
Já nos aconteceu estar a pesquisar sobre uma temática e vários títulos induzirem-nos em erro, e isso leva-nos a desacreditar o jornal/site e a perder a confiança no trabalho do(s) jornalista(s).
No nono ponto, é a escrita que está novamente em foco. Quando encontramos blocos de texto e informação muito grandes e maçudos temos tendência para alienar-nos, portanto é aconselhável mais subtítulos, espaço entre ideias ou separadores para ajudar o leitor a entender a notícia de uma forma intuitiva sem exigir muito dele. Recorrer a parágrafos e frases curtas é outra técnica importante na escrita online.
Enquanto consumidores assíduos, entendemos que este é um dos pontos que poderá fazer toda a diferença quando procuramos informação ou notícias. Julgamos que os pontos 8 e 9 misturam-se e completam-se mutuamente.
No ponto 8, Jonathan Dube revela que normalmente os trabalhos online são demasiado longos, e para mostrar a linha recomendável partilhou um ensaio/tese de Peter Clark, no qual refere que uma história pode ser contada em 800 palavras.
Enquanto leitores de notícias online é raro ficarmos presos a uma notícia demasiado extensa. Sentimos de imediato uma espécie de “alergia” à notícia, dai concluirmos que há algumas semelhanças entre a posição do autor e os jornais gratuitos: pouca informação; rápido de ler; faz um apanhado dos destaques da véspera ou da agenda presente; gratuito.
No ponto 7 o autor afirma que as notícias de última hora podem ser um problema. A razão é simples, por vezes não se tem a informação necessária para fazer um bom artigo, mas somos reféns do “NOWism” portanto há que dar a conhecer a nova notícia ainda que seja revelada de uma forma débil ou incompleta.
O nosso grupo tem por hábito visitar certos sites várias vezes ao dia, portanto é necessária uma abordagem correcta e rigorosa ao assunto, ainda que seja aconselhável colocar a notícia mais importante ou a notícia de última hora em destaque.
Ponto 6 – Nunca ignorar o lead.
O leitor de notícias online poder ser como uma pessoa que está sempre a fazer zapping na televisão, ou seja, é difícil de agarrar e/ou agradar. O autor alerta que não se pode ignorar o lead, porque é essencial dizer rapidamente ao leitor o que trata o artigo ou a notícia, e porque razão devem continuar a lê-la.
O lead é normalmente o primeiro parágrafo de uma notícia, onde se responde às questões:
O quê? Quando? Onde? Quem? Como? Porquê? – A resposta a estas perguntas mostra ao leitor o teor da notícia.
Segundo o autor, uma solução para agarrar o leitor é o “Modelo T”, na linha horizontal do T faz-se um sumário da notícia, onde é revelado o lead sem que se “entregue” o final, motivando o leitor a continuar a ler; na linha vertical há uma maior liberdade para o jornalista, onde conta a história de uma forma mais narrativa, e onde se destaca o estilo e ângulo de abordagem do jornalista.
No ponto 5, o autor explica que a tarefa de dar notícias não é uma corrida, devemos trabalhar no nosso artigo/notícia com celeridade, mas mais importante que isso é o rigor. Os leitores não têm noção de quem deu a notícia em primeiro lugar, interessa-lhes sim o rigor com que é tratada, se o artigo está bem tratado e o tema é bem explicado. “No fim, serão os sites que explicam melhor as notícias que têm sucesso”.
Relativamente a este ponto, julgamos que é indissociável a nossa selecção e escolha do rigor que observamos nas notícias ou jornais que visitamos. Se há dois jornais da temática que nos interessa, um deles explica melhor que o outro, a nossa memória regista que o que explicava melhor satisfaz muito mais as nossas necessidades, e provavelmente nas próximas vezes será a nossa primeira escolha.
O ponto 4 é referente à escrita das notícias online. O ideal é o cruzamento entre a escrita para imprensa e transmissão televisiva: mais curta e concisa do que a imprensa e mais detalhada do que a escrita de transmissão televisiva. O autor afirma que a escrita deve ser activa.
O objectivo é escrever vivamente, com verbos fortes, verbos de acção, e o recurso a substantivos mais pesados, sedutores. Jonathan Dube refere que o estilo coloquial, de conversação até, é bem utilizado no mundo Web. A audiência online é receptiva a estilos de escrita menos formais, não convencionais.
Num artigo do site do maisfutebol (http://www.maisfutebol.iol.pt/jornal-do-incrivel/hercules-hercules-ipsojobs-esteban-vigo-anuncio-on-line-liga-espanhola-espanha/1241431-1473.html) temos um exemplo dessa escrita pouco formal, e na qual se dirige directamente ao leitor: “Tem curso de treinador e sabe lidar com estrelas? Então enquadra-se no perfil traçado por alguém afecto ao Hércules, último classificado da liga espanhola” – e assim começou o artigo.
Esta escrita menos formal não invalida que se respeite as tradicionais regras de escrita. O autor alerta que a qualidade da escrita é inconstante nas notícias do mundo Web. Resultado da recolha de informação fugaz, pouco cuidada, equipas pequenas e inexperiência dos jornalistas. Jonathan Dube considera que esta tendência é um erro, os leitores apercebem-se da escrita negligente e não perdoam. Ao contrário dos leitores de jornais tradicionais, os leitores online têm opções.
Da mesma forma que nós, enquanto leitores, criticamos um erro ortográfico ou registamos na nossa memória, também a selecção do que é notícia nos faz reflectir. Por exemplo, o Sport Lisboa e Benfica anunciou a contratação de um jogador brasileiro e o jornal i decidiu fazer um artigo sobre o jogador. O título era “Bruno César. Este Aimar brasileiro joga de boca aberta e tem dons de hipnotismo”. Nos comentários podemos observar:
·         vitor guerra Há 1 dia
Isso é importante. Tem o nariz entupido. Jornalismos ...
O leitor das notícias online é muito crítico e, por vezes, insolente, irónico, e isto deve-se ao anonimato e ao poder que os leitores sentem: poder da palavra, oportunidade de dar um feedback concordante com o que realmente sentem e pensam.
O terceiro ponto é referente à recolha de informações. É essencial que seja adequada, apropriada, não esquecendo os dois primeiros pontos: traçar um plano conhecendo a audiência. O autor do artigo mostra as divergências entre os objectivos dos jornalistas de televisão, imprensa e de notícias online:
- Os jornalistas de imprensa tendem a procurar exclusivamente a informação; os jornalistas de televisão procuram a emoção, sound bites , imagens que possam dar ainda maior expressão ao texto; Os jornalistas que tratam notícias online consideram importante diferenciar o seu trabalho, em termos de elementos e técnicas que possam recorrer, encontrando um ponto de convergência adequado e sedutor para o leitor. Procuram palavras ou frases que se misturem naturalmente com as imagens, o áudio ou vídeo, enriquecendo a notícia.
No segundo ponto, aconselha à elaboração de um plano. Jonathan Dube sugere que é essencial pensar na forma como abordar a notícia ou história. É essencial contar a história de forma diferente ou melhor do que os outros órgãos de comunicação. A concorrência é uma realidade na área da comunicação, portanto há que ser original, saber tratar a notícia de forma a seduzir o leitor a lê-la, e, para tal é viável e recomendável recorrer a vídeo, áudio, sítios na internet, entre outras técnicas/estratégias para dar corpo e revestir a história com mais interesse.
A nossa experiência como consumidores de notícias online vai claramente no sentido destes dois primeiros pontos, temos o hábito de procurar temas específicos, e normalmente aderimos a artigos ou notícias melhor elaboradas, tratadas de forma diferente, e claro, quando recorrem a suportes audiovisuais juntam uma dose de interesse inquestionável.
Um jornal diário que julgamos ter uma forma interessante de abordar temas, e muitas vezes, temas que nem são abordados por outros, é o jornal i, jornal este que até na versão impressa aposta muito no grafismo e na diferenciação. – www.ionline.pt
Quanto aos suportes audiovisuais, não há dúvida que são cada vez mais uma aposta dos órgãos de comunicação social. A versão online dos jornais está cada vez melhor e sedutora para o leitor. Temos a certeza que esta funcionalidade será cada vez mais explorada.

Comentário ao artigo "Writing News Online"

Este artigo, da autoria de Jonathan Dube, visa mostrar como a World Wide Web introduziu novas formas de escrita.
Para melhor entendermos esta variante da escrita jornalística, o autor partilha 12 pontos que considera essenciais para a mensagem chegar nas melhores condições ao público.
No primeiro ponto, o autor refere que a escrita tem de ser direccionada ponderando as necessidades e hábitos dos leitores, sabendo de antemão o seu público. O leitor de notícias online é muito exigente, e não aceita tudo o que lhe dão, é exactamente o oposto, é um “caçador” de informação, é bastante proactivo.  O facto de nos tornarmos visitantes assíduos de uma página de um jornal, demonstra como somos selectivos. Queremos saber as primeiras páginas dos jornais desportivos e as notícias na hora? www.abola.pt , www.record.pt , www.ojogo.pt ; queremos desporto mas numa vertente mais reportagens ou videos? www.maisfutebol.iol.pt ; ainda no desporto, queremos saber todas as classificações dos campeonatos estrangeiros ou camadas jovens? www.zerozero.pt ; quero saber a realidade desportiva espanhola? www.marca.com ou www.as.es – são alguns exemplos.
Quando vamos ao quiosque, normalmente temos já o nosso jornal predilecto, mas o poder da 1ª página pode mudar o rumo da nossa aquisição. Online é também possível decifrarmos o que realmente queremos para aquele dia: http://noticias.sapo.pt/banca/ .