quarta-feira, 13 de abril de 2011

Comentário ao relatório The State of the News Media 2011

O nosso grupo de trabalho decidiu abordar a temática da televisão por cabo: audiências e a vertente económica. Esta escolha prendeu-se com a curiosidade em conhecer a realidade americana, poder fazer um paralelo com a realidade portuguesa, e até quem sabe, entender para onde caminhamos. Após a leitura do relatório constatamos que Portugal está a caminhar para o modelo americano.

The State of the News Media 2011 é um relatório anual sobre o jornalismo americano elaborado pelo Pew Research Center´s Project for Excellence in Journalism. Este relatório tem como objectivo tirar conclusões e analisar as movimentações em várias áreas das principais estações de televisão norte-americanas.

O relatório engloba três grandes estações de televisão norte-americanas: Fox News, CNN/HLN e MSNBC.
O documento começa por revelar que foi registado um aumento dos lucros nas três estações mencionadas. Esse lucro não se deveu apenas a cortes nas despesas, deveu-se sobretudo ao investimento nas noticias. As estações de televisão mencionadas investiram bastante também na recolha da informação e em garantir os melhores profissionais.

Uma das primeiras conclusões deste relatório refere o decréscimo de 16% de espectadores em horário prime time, onde a audiência é mais vasta e assim, mais atraente para as marcas colocarem os seus anúncios ou publicidade. A CNN caiu 37%, enquanto a Fox 11% e, finalmente, a MSNBC 5%. No total, a audiência média de noticias por cabo caiu 12%.
Segundo os autores do estudo, passados 30 anos, as noticias por cabo ganharam um espaço amplo mas algo limitativo no eco-sistema da informação.
Agora há que entender se as pessoas vêem, de facto, as notícias ou se lá estão por causalidade. 

Esmiuçando a realidade norte-americana, o estudo concluiu que em 2010 a CNN sofreu vários problemas e instituiu várias mudanças. O presidente foi substituído e a programação alterada em horário prime time.
A Fox assumiu uma estratégia oposta: apostar na prata da casa e em contratos de longo prazo.
A MSNBC, com novos donos, despediu uma das grandes estrelas do canal e acreditou poder continuar a programação mais liberal no que toca ao prime time.
Os três canais avançaram de uma forma mais agressiva no sentido das plataformas digitais. Nesta fase podemos começar já a esboçar um paralelismo com a realidade portuguesa, onde cada vez mais ouvimos falar nas plataformas digitais, nos sites dos canais, nas versões ipads, iphone e na possibilidade de fazer o download do podcast para o ipod.

Uma potencial ameaça em 2010 não se consumou, mas não deixa de merecer destaque e reflexão: a possibilidade de cancelamento da televisão paga pelos americanos, uma vez que podem aceder à informação noutras plataformas. No fim, entenderam que os americanos não estão a abandonar a televisão por cabo: estão sim a abandonar os canais de noticias em detrimento de outros canais temáticos. 
Em Portugal, e abordando agora a nossa realidade, jovens, estão cada vez mais adeptos do ecletismo televisivo, os jovens são cada vez mais adeptos de séries, documentários, no fundo, mais adeptos dos canais temáticos, seja desporto, História. Isto acontece por uma razão simples: temos a internet onde pesquisar seja que assunto for, temos a rádio quando vamos no carro, temos os jornais tradicionais, até os telefones agora, os ipads, enfim, um mar de recursos a dizer-nos o que se passa no mundo, portanto queremos outra funcionalidade para a televisão, normalmente mais relaxante ou de entretenimento. 

Depois chegamos a uma fase do relatório que achamos muito pertinente de discutir, e reflectir, e se não será este um dos próximos passos em Portugal, para já parece muito distante esta realidade. Uma lição em 2010 foi a confirmação das noticias por cabo enquanto difusores de ideologias ou então discussões, debates, ou algum "opinion-maker" em estúdio. Existem então uma divisão: Fox + MSNBC vs CNN. As duas primeiras apostaram nesse modelo, enquanto a CNN procurou oferecer um leque de visões, procurando a justiça televisiva e não tendendo para nenhuma ideologia. O resultado foi o afundamento da CNN, e o responsável do gabinete de marketing da MSNBC afirma uma coisa muito curiosa e pertinente: "Quando estás certo sobre ti, fazes dinheiro" - Ou seja, no dia que é definido o posicionamento e ideologia, a identidade do canal, a probabilidade de sair a ganhar cresce, pois em vez de procurar agradar a gregos e troianos, e no fundo afastar ambos, assim agarra um público, procura a fidelização dos espectadores. Já Bill O´Reilly, um famoso anfitrião de um programa de noticias da Fox, afirma que as pessoas já sabem as notícias porque existem várias formas de as saber, como rádio, internet, etc, e não pretendem ouvir uma repetição, portanto preferem ouvir uma análise, um ponto de vista. 

Bem, relativamente a esta visão de O´Reilly podemos dizer que Portugal adoptou este modelo: tanto a SIC Noticias, RTPN e a TVI24 têm constantemente debates sobre todas as áreas que estão na agenda, seja economia e a entrada do FMI, seja desporto, tudo. No entanto, se vão no sentido da análise e debate, já na questão da repetição é diferente, em Portugal, estes canais normalmente fazem uma actualização de hora a hora, mesmo que seja com as mesmas noticias, desta forma cansa os espectadores, mas demonstra também que há sempre nova audiência a ver o canal.

Regressando à realidade norte-americana, segundo o relatório, a CNN está presa à estratégia de garantir a neutralidade, orgulhosamente considera-se uma fonte de jornalismo imparcial. O presidente da CNN, Jim Walton, afirma que a CNN é a única a gozar de credibilidade.
A maior mudança na CNN foi a substituição do presidente. O novo presidente afirmou que a programação do canal era aborrecida e que deveria acrescentar mais interesse à mesma e dar mais atenção aos interesses do espectador: viewer-focused. - Fazendo novo paralelismo com Portugal, parece-me que os canais de noticias por cabo têm em atenção o interesse do público português, seja em debates políticos para permitir um moldar de opinião e posição do povo, tendo então o papel de informar e educar, ajudar a formar opinião, ou nos acalentados debates sobre a última jornada do futebol, onde se discutem, por vezes cegamente, os lances polémicos de arbitragem, e o português comum gosta disso.

Seguidamente, vem abordado um factor que levou a MSNBC a perder popularidade, ou melhor, um programa apresentado por Keith Olbermann. Foi descoberto que Keith Olbermann contribuiu para a campanha de três candidatos democratas. Este tipo de prática não tem registo em Portugal, embora saibamos que há várias pessoas/movimentos que abordam o apoio ilícito de campanhas políticas com o fim de obter benefícios posteriores.
Em Abril, outro problema na mesma estação de televisão: suspensão do pivot David Shuster depois de ter sido descoberto que fez um programa piloto para a CNN. - Começamos a entender que há grandes diferenças no jornalismo e forma de gerir uma estação de televisão nos EUA e Portugal, com a análise deste relatório temos a sensação e percepção que há mais rivalidade nos Estados Unidos neste órgãos de comunicação, é natural, o país é enorme, outras ambições, exposição maior, e o dinheiro que é pago aos profissionais é também de outro patamar. Ainda assim, ultimamente e como sempre, mais vanguardista, talvez adoptando o modelo americano, vemos a TVI a contratar nomes conceituados e respeitados do jornalismo português, como a Judite de Sousa, com o intuito de garantir e emprestar mais credibilidade ao seu bloco informativo, tentando talvez dissociar-se da ideia de sensacionalismo e pouco profissionalismo de Manuela Moura Guedes. 

No seguimento das estações estarem a tentar construir uma nova imagem, a MSNBC adoptou então uma nova estratégia: nova mensagem ao nível do marketing, onde propunha uma passo em frente, e segundo o New York Times, é uma campanha nova que revela a identidade política do canal.
A Fox manteve a estratégia que tinha resultado: renovar contratos com os que já lá davam o (bom) contributo.

Em termos de inclinações ou ideologias políticas, estava cada vez mais explicito o que apoiavam: MSNBC com visão liberal e a Fox uma imagem conservadora. Em Agosto, foi revelado que uma empresa ligada à Fox, doou um milhão de dolares para a Associação de Governadores Republicanos. 
Há também registos de pressões no sentido de favorecimento em debates de um certo partido, o relatório aborda o caso da Fox, onde tencionava que o debate privilegiasse a discussão sobre o sistema de saúde, no qual os Republicanos ficariam melhor posicionados para obter popularidade.
Em Portugal, não nos parece ser assim tão claro que os moderadores "inclinem" o debate, porém, é do interesse público que sejam em directo e que os intervenientes não tenham acesso às perguntas, algo que geralmente têm.

Entrando agora na dimensão económica e da publicidade, é importante referir mesmo com os canais de notícias a cair no ranking, os seus lucros continuam a subir e isso deve-se a grandes contratos de publicidade que são feitos por períodos mais largos. Como sabemos, há todo um ciclo vicioso: se as pessoas vêem, interessa-me colocar anúncios no canal, e para tal tenho de convencer as agências ou marcas que as pessoas querem ver e vão aderir à programação do canal, se as pessoas aderem e tem muita audiência, os anúncios ficam mais caros, consoante também o horário, os anúncios mais caros são, naturalmente, no prime time.
Como demonstra o relatório, por vezes é complicado dissociar certos rótulos dos canais de televisão, os autores do estudo revelam que a Fox tem em marcha uma campanha para convencer os publicitários ou as marcas que os espectadores da Fox não estão limitados a idosos ou pessoas mais conservadoras, e que vale a pena investir no canal. O relatório afirma que o canal Fox tem alguns programas com alguma controvérsia, e que certas marcas ou publicitários afastaram-se, especialmente de um programa apresentado por Glenn Becks, no qual o próprio acusou Barack Obama de ser racista. É natural que as marcas se demarquem deste tipo de atitudes e posições. Os atletas por exemplo, perdem milhões por atitudes irreflectidas, Tiger Woods é um exemplo, perdeu milhões em contratos publicitários depois de se saber que traía a sua mulher.
Em Portugal não é muito mencionado esse tipo de quebras de contrato por questões de imagem, já os clubes de futebol e outras entidades tomam certas decisões de se afastar de certo órgão de comunicação. Há um caso recente em Portugal de divergência entre um partido político e um órgão político, houve um problema entre o Governo de José Socrates e o canal TVI, a consequência foi a rejeição de todos os ministros do Governo a convites de Manuela Moura Guedes, no Jornal Nacional de 6ª feira.

A seguir foi abordada a importância do mundo digital. Uma das preocupações das estações é conduzir o público também para as plataformas online. A Fox consegue a proeza de ser o canal por cabo mais visto e na versão online ser o menos popular. 
O relatório indica que em 2010 a Fox começou a movimentar-se no sentido de ganhar relevo a nivel da web, mas de uma forma ainda lenta e pouca agressiva. Uma prova disso é não haver aplicações para ipad no início de 2011.
A CNN entende o mundo digital como uma oportunidade de negócio. Segundo a Time Warner, empresa ligada à CNN, as vendas web da CNN estão ao nível da publicidade do canal CNN em horário nobre, algo que consideramos surpreendente.

Em 2010, a CNN e outras entidades de media estavam a apostar cada vez mais no video, no website da empresa. O relatório revela que a CNN é talvez a empresa com mais seguidores no Twitter. É importante referir que estamos na época que consideramos o "Nowism" ("Agorismo" portanto), e todo este novo mundo das redes sociais, como twitter e facebook têm um grande peso, no que toca à imagem das empresas e elevação das mesmas. A criatividade, e sobretudo a presença são um trunfo nos dias de hoje.
Em Dezembro de 2010, a CNN lançou a aplicação para ipad. A CNN está no número 1 no que toca a downloads de aplicações de notícias.
A MSNBC também alterou a forma como olhar o mundo web. Decidiu dar mais ênfase ao video, à fotografia, à imagem, menos texto e menos banners publicitários. Em Janeiro de 2011 inovou e lançou a primeira aplicação gratuita para iphone e ipod touch.
Em Portugal está-se a dar cada vez mais importância à web e plataformas online. Os sites são cada vez melhor cuidados. O nosso grupo por vezes necessita de ver alguma notícia ou reportagem e vai ao site dos canais televisivos.

Os autores do relatório perguntaram-se se os canais por cabo devem estar preocupados com o crescimento das plataformas online e digital. Os autores consideram possível e normal o receio das pessoas cortarem com a televisão paga, isto porque podem ter acesso a quase tudo via internet. O nosso grupo considera que a televisão ainda está muito envolvida, entranhada na vida das pessoas, mas julgamos que o desaparecimento da televisão é possível. A internet oferece-nos tudo, telejornais, notícias, entretenimento, as tais séries que roubam os espetactores dos canais de notícias. Disponibiliza tudo. 
Uma conclusão do estudo revela que mais preocupante (para já) que as pessoas desligarem-se da televisão, é as pessoas estarem a "fugir" dos canais de notícias, e aderir a canais temáticos. Por exemplo, o canal História e a Ion Television aumentaram em 25% os seus espectadores. O Discovery Investigação cresceu 64% em termos de espectadores. 
Uma coisa temos de concluir antes de todas as hipóteses: a televisão está cada vez mais segmentada, fragmentada. O individuo gosta de controlar a sua emissão, ter o poder. Escolher o que e quando ver. Concluímos que este sim, é um indicador para a possível vitória ou ameaça do mundo digital sobre a televisão. 
Voltando ao panorama norte-americano, estamos a falar de perdas dos canais de notícias num ano em que no qual aconteceram tragédias como o sismo no Haiti ou a derrame de óleo no Golfo do México.
Em jeito de conclusão, o relatório revela que as agências de publicidade e marcas estão a acompanhar as pessoas, para os canais "não-notícias".

quarta-feira, 30 de março de 2011

Comentário ao estudo "The Best of Eyetrack III: What We Saw When We Looked Through Their Eyes"

Eyetrack III foi um estudo realizado estudo realizado pelo The Poynter Institute em parceria com a Eyetools Inc. e o Estlow Center for Journalism and New Media, baseado na observação dos movimentos oculares de 46 pessoas (homens e mulheres entre 19 e 60 anos) enquanto observavam 10 diferentes publicações online, entre elas o The New York Times, o The Wall Street Journal e o MSNBC.
Este estudo é bastante interessante, principalmente para quem faz edição de páginas web. Nos dias que correm, sem dúvida que a internet tem muito mais leitores do que a imprensa tradicional e é bastante importante começar a investigar o comportamento das pessoas quando acedem a estas páginas.
Chegou-se à conclusão que a maioria das pessoas não presta atenção faz uma rápida leitura da página, tentando encontrar algum elemento que mais lhe interesse. Por incrível que pareça os textos atraem mais o olhar do que gráficos e imagens.
O primeiro ponto que o leitor observa é o canto superior esquerdo da página. Logo realiza uma amostra da página em zigue-zague, na parte central e para baixo. Os textos mais pequenos são mais lidos, do que os textos grandes. Os banners são quase sempre ignorados, assim como as fontes mais sofisticadas.
Devem ser mostrados números escritos como números: “6” em vez de “seis”, os parágrafos curtos têm melhor desempenho que os longos. Relativamente aos textos em duas ou três colunas tendem a ser ignorados pelos leitores.
Quanto à publicidade, deve estar perto do conteúdo editorial mais importante. Os leitores prestam mais atenção aos anúncios de texto que aos que incluem imagens ou multimídia. Regra geral, as publicidades mais lidas são as de cima e as da esquerda. O tamanho também importa, as imagem maiores chamam mais atenção.
O estudo revelou ainda que os títulos de notícias com poucas letras e de tamanho pequeno são os mais lidos. Geralmete, o visitante só lê as duas primeiras palavras dos títulos, o resto passa praticamente desapercebido.
Até agora a grande preocupação, de quem faz edição de páginas web, é criar uma página bonita e que contenham todas as funcionalidades necessárias, mas os estudos Eyetrack mostram que os editores precisamos de ser mais inteligentes e criativos para alcançar melhores resultados.
A nós, alunos universitários, sempre nos foi ensinado que para ter um bom artigo temos de ter uma introdução, um desenvolvimento e uma conclusão, mas a experiência que vamos tendo é que para quando escrevemos conteúdos para publicar online é necessário dar a informação de forma muito mais rápida, simples e de fácil compreensão. Através deste formato a leitura é mais lenta que a leitura impressa, a maior dos leitores lê na diagonal e por isso tona-se bastante importante optimizar a nossa escrita.
Finalmente, o ponto 12 é referente à contínua mutação da escrita online. O autor admite que é uma nova indústria e que as regras estão a ser delineadas à velocidade com que é produzido trabalho online e explorado este mundo Web. Este é um mundo imenso, onde há muito para ser feito e explorado mas as regras mantém-se: regras de escrita, regras do jornalismo, código deontológico e ética para respeitar. A tudo isto podemos adicionar outros ingredientes: qualidade, competência e criatividade. O autor incentiva que se tente algo diferente, correr riscos.
Esta democratização da Web e da possibilidade de qualquer um recolher e produzir informação é louvável mas sempre com o seu risco: será de confiança ou não? – É aconselhável que se pesquise em diversos sites, confirmar fontes e não tomar por certa qualquer informação. O wikipedia é um bom exemplo de como é possível obter o dia e a noite: informação óptima e correcta e o oposto, informação errada ou pouco rigorosa.
O mundo Web está a avançar e a ser cada vez mais preponderante na vida das pessoas. Vejamos o Facebook, em 6/7 anos de existência tem mais de 500 milhões de utilizadores, se fosse um país seria o terceiro mais povoado. O twitter é outro fenómeno e até mais direccionado para a temática deste artigo de Jonathan Dube. Consideramos o Twitter mais jornalistíco, no sentido em que a escrita é curta, como um SMS. Por exemplo, o sismo no Japão teve os primeiros ecos no Twitter. Imaginemos que agora escrevíamos no Twitter: “Mosteiro dos Jerónimos a arder!!!” – Temos a certeza que muitas pessoas iam acreditar, temos a certeza que outras iam rapidamente pesquisar na internet se era verdade, temos a certeza que outras pessoas pegariam no telefone para confirmar, enfim, o mundo Web é uma mar de possibilidades e há algo que nunca pode ser omitido: que há sempre o certo e o errado, o rigoroso e o não rigoroso.
No ponto 11, Jonathan Dube acaba ou pretende acabar com um “mito”: de que se colocarmos links no nosso artigo, os leitores vão navegar para outras páginas e não voltam à nossa página. O autor rejeita esta ideia de uma forma veemente. Acaba por se tornar num ciclo vicioso: o leitor vê uma página, essa direcciona-o para outras para melhor entender sobre a temática que procura, a que conclusão chegará a leitor? Pode confiar na página que o levou ao esclarecimento, e voltará.
É necessário um trabalho extra para entender até que ponto os links que estamos a colocar são credíveis, porque caso não sejam foi a nossa página que os deu a conhecer e há, uma vez mais, uma quebra de confiança.
Enquanto consumidores e, no âmbito da cadeira “Comunicação Digital”, produtores de notícias online, entendemos e apreciamos esta visão do autor porque o objectivo é esclarecer melhor o leitor, mas faríamos apenas um reparo: aquando do clique, a nossa página estar pré definida para outros links abrirem numa janela separada, deste modo a nossa página mantinha-se aberta.
O décimo ponto aborda a temática do interesse: o que faz o leitor clicar na notícia? Obviamente o título, portanto o texto tem de estar obrigatoriamente relacionado com o mesmo. Se houver uma quebra de confiança, ou seja, se um título que se propõe a falar de “A” e o texto é sobre “B”, estamos a arriscar a lealdade do leitor perante o nosso trabalho. Jonathan Dube diz que os leitores online preferem títulos sérios e duros em detrimento de títulos engraçados ou com trocadilhos. O autor só clica no que quer ver, portanto quer um acesso fácil, verdadeiro e rápido ao assunto que pretende.
Já nos aconteceu estar a pesquisar sobre uma temática e vários títulos induzirem-nos em erro, e isso leva-nos a desacreditar o jornal/site e a perder a confiança no trabalho do(s) jornalista(s).
No nono ponto, é a escrita que está novamente em foco. Quando encontramos blocos de texto e informação muito grandes e maçudos temos tendência para alienar-nos, portanto é aconselhável mais subtítulos, espaço entre ideias ou separadores para ajudar o leitor a entender a notícia de uma forma intuitiva sem exigir muito dele. Recorrer a parágrafos e frases curtas é outra técnica importante na escrita online.
Enquanto consumidores assíduos, entendemos que este é um dos pontos que poderá fazer toda a diferença quando procuramos informação ou notícias. Julgamos que os pontos 8 e 9 misturam-se e completam-se mutuamente.
No ponto 8, Jonathan Dube revela que normalmente os trabalhos online são demasiado longos, e para mostrar a linha recomendável partilhou um ensaio/tese de Peter Clark, no qual refere que uma história pode ser contada em 800 palavras.
Enquanto leitores de notícias online é raro ficarmos presos a uma notícia demasiado extensa. Sentimos de imediato uma espécie de “alergia” à notícia, dai concluirmos que há algumas semelhanças entre a posição do autor e os jornais gratuitos: pouca informação; rápido de ler; faz um apanhado dos destaques da véspera ou da agenda presente; gratuito.
No ponto 7 o autor afirma que as notícias de última hora podem ser um problema. A razão é simples, por vezes não se tem a informação necessária para fazer um bom artigo, mas somos reféns do “NOWism” portanto há que dar a conhecer a nova notícia ainda que seja revelada de uma forma débil ou incompleta.
O nosso grupo tem por hábito visitar certos sites várias vezes ao dia, portanto é necessária uma abordagem correcta e rigorosa ao assunto, ainda que seja aconselhável colocar a notícia mais importante ou a notícia de última hora em destaque.
Ponto 6 – Nunca ignorar o lead.
O leitor de notícias online poder ser como uma pessoa que está sempre a fazer zapping na televisão, ou seja, é difícil de agarrar e/ou agradar. O autor alerta que não se pode ignorar o lead, porque é essencial dizer rapidamente ao leitor o que trata o artigo ou a notícia, e porque razão devem continuar a lê-la.
O lead é normalmente o primeiro parágrafo de uma notícia, onde se responde às questões:
O quê? Quando? Onde? Quem? Como? Porquê? – A resposta a estas perguntas mostra ao leitor o teor da notícia.
Segundo o autor, uma solução para agarrar o leitor é o “Modelo T”, na linha horizontal do T faz-se um sumário da notícia, onde é revelado o lead sem que se “entregue” o final, motivando o leitor a continuar a ler; na linha vertical há uma maior liberdade para o jornalista, onde conta a história de uma forma mais narrativa, e onde se destaca o estilo e ângulo de abordagem do jornalista.
No ponto 5, o autor explica que a tarefa de dar notícias não é uma corrida, devemos trabalhar no nosso artigo/notícia com celeridade, mas mais importante que isso é o rigor. Os leitores não têm noção de quem deu a notícia em primeiro lugar, interessa-lhes sim o rigor com que é tratada, se o artigo está bem tratado e o tema é bem explicado. “No fim, serão os sites que explicam melhor as notícias que têm sucesso”.
Relativamente a este ponto, julgamos que é indissociável a nossa selecção e escolha do rigor que observamos nas notícias ou jornais que visitamos. Se há dois jornais da temática que nos interessa, um deles explica melhor que o outro, a nossa memória regista que o que explicava melhor satisfaz muito mais as nossas necessidades, e provavelmente nas próximas vezes será a nossa primeira escolha.
O ponto 4 é referente à escrita das notícias online. O ideal é o cruzamento entre a escrita para imprensa e transmissão televisiva: mais curta e concisa do que a imprensa e mais detalhada do que a escrita de transmissão televisiva. O autor afirma que a escrita deve ser activa.
O objectivo é escrever vivamente, com verbos fortes, verbos de acção, e o recurso a substantivos mais pesados, sedutores. Jonathan Dube refere que o estilo coloquial, de conversação até, é bem utilizado no mundo Web. A audiência online é receptiva a estilos de escrita menos formais, não convencionais.
Num artigo do site do maisfutebol (http://www.maisfutebol.iol.pt/jornal-do-incrivel/hercules-hercules-ipsojobs-esteban-vigo-anuncio-on-line-liga-espanhola-espanha/1241431-1473.html) temos um exemplo dessa escrita pouco formal, e na qual se dirige directamente ao leitor: “Tem curso de treinador e sabe lidar com estrelas? Então enquadra-se no perfil traçado por alguém afecto ao Hércules, último classificado da liga espanhola” – e assim começou o artigo.
Esta escrita menos formal não invalida que se respeite as tradicionais regras de escrita. O autor alerta que a qualidade da escrita é inconstante nas notícias do mundo Web. Resultado da recolha de informação fugaz, pouco cuidada, equipas pequenas e inexperiência dos jornalistas. Jonathan Dube considera que esta tendência é um erro, os leitores apercebem-se da escrita negligente e não perdoam. Ao contrário dos leitores de jornais tradicionais, os leitores online têm opções.
Da mesma forma que nós, enquanto leitores, criticamos um erro ortográfico ou registamos na nossa memória, também a selecção do que é notícia nos faz reflectir. Por exemplo, o Sport Lisboa e Benfica anunciou a contratação de um jogador brasileiro e o jornal i decidiu fazer um artigo sobre o jogador. O título era “Bruno César. Este Aimar brasileiro joga de boca aberta e tem dons de hipnotismo”. Nos comentários podemos observar:
·         vitor guerra Há 1 dia
Isso é importante. Tem o nariz entupido. Jornalismos ...
O leitor das notícias online é muito crítico e, por vezes, insolente, irónico, e isto deve-se ao anonimato e ao poder que os leitores sentem: poder da palavra, oportunidade de dar um feedback concordante com o que realmente sentem e pensam.
O terceiro ponto é referente à recolha de informações. É essencial que seja adequada, apropriada, não esquecendo os dois primeiros pontos: traçar um plano conhecendo a audiência. O autor do artigo mostra as divergências entre os objectivos dos jornalistas de televisão, imprensa e de notícias online:
- Os jornalistas de imprensa tendem a procurar exclusivamente a informação; os jornalistas de televisão procuram a emoção, sound bites , imagens que possam dar ainda maior expressão ao texto; Os jornalistas que tratam notícias online consideram importante diferenciar o seu trabalho, em termos de elementos e técnicas que possam recorrer, encontrando um ponto de convergência adequado e sedutor para o leitor. Procuram palavras ou frases que se misturem naturalmente com as imagens, o áudio ou vídeo, enriquecendo a notícia.
No segundo ponto, aconselha à elaboração de um plano. Jonathan Dube sugere que é essencial pensar na forma como abordar a notícia ou história. É essencial contar a história de forma diferente ou melhor do que os outros órgãos de comunicação. A concorrência é uma realidade na área da comunicação, portanto há que ser original, saber tratar a notícia de forma a seduzir o leitor a lê-la, e, para tal é viável e recomendável recorrer a vídeo, áudio, sítios na internet, entre outras técnicas/estratégias para dar corpo e revestir a história com mais interesse.
A nossa experiência como consumidores de notícias online vai claramente no sentido destes dois primeiros pontos, temos o hábito de procurar temas específicos, e normalmente aderimos a artigos ou notícias melhor elaboradas, tratadas de forma diferente, e claro, quando recorrem a suportes audiovisuais juntam uma dose de interesse inquestionável.
Um jornal diário que julgamos ter uma forma interessante de abordar temas, e muitas vezes, temas que nem são abordados por outros, é o jornal i, jornal este que até na versão impressa aposta muito no grafismo e na diferenciação. – www.ionline.pt
Quanto aos suportes audiovisuais, não há dúvida que são cada vez mais uma aposta dos órgãos de comunicação social. A versão online dos jornais está cada vez melhor e sedutora para o leitor. Temos a certeza que esta funcionalidade será cada vez mais explorada.

Comentário ao artigo "Writing News Online"

Este artigo, da autoria de Jonathan Dube, visa mostrar como a World Wide Web introduziu novas formas de escrita.
Para melhor entendermos esta variante da escrita jornalística, o autor partilha 12 pontos que considera essenciais para a mensagem chegar nas melhores condições ao público.
No primeiro ponto, o autor refere que a escrita tem de ser direccionada ponderando as necessidades e hábitos dos leitores, sabendo de antemão o seu público. O leitor de notícias online é muito exigente, e não aceita tudo o que lhe dão, é exactamente o oposto, é um “caçador” de informação, é bastante proactivo.  O facto de nos tornarmos visitantes assíduos de uma página de um jornal, demonstra como somos selectivos. Queremos saber as primeiras páginas dos jornais desportivos e as notícias na hora? www.abola.pt , www.record.pt , www.ojogo.pt ; queremos desporto mas numa vertente mais reportagens ou videos? www.maisfutebol.iol.pt ; ainda no desporto, queremos saber todas as classificações dos campeonatos estrangeiros ou camadas jovens? www.zerozero.pt ; quero saber a realidade desportiva espanhola? www.marca.com ou www.as.es – são alguns exemplos.
Quando vamos ao quiosque, normalmente temos já o nosso jornal predilecto, mas o poder da 1ª página pode mudar o rumo da nossa aquisição. Online é também possível decifrarmos o que realmente queremos para aquele dia: http://noticias.sapo.pt/banca/ .

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Uma mensagem de boas-vindas


Desafiados a entrar no mundo digital, partimos em busca de conhecimento, partilha e experiência.
Convidamo-lo a embarcar connosco nesta viagem!



Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.


Fernando Pessoa